Fazia uma semana que eu não conseguia noticias da Lila. Sempre que eu ia na casa dela não tinha ninguém. Todos os celulares ou desligados ou não atendiam. Aquilo tava me corroendo por dentro. Será que algo tinha acontecido e eu seria a ultima a saber? Era justo com a melhor amiga dela ficar sem notícias? Então deixei o tempo passar e a cada dia o Ricardo ficava mais próximo.
Rick terminou o namoro e com um dinheiro que eu havia juntado de uns bicos que eu estava fazendo na biblioteca da cidade eu consegui comprar lentes pra mim e ficar menos visada na escola. As coisas estavam confusas. A pessoa que sabia de toda minha rotina e segredo era um menino e minha melhor amiga estava desaparecida. Eu queria entender o que estava acontecendo com a minha vida e consegui trazer de volta tudo para o meu controle.
De uma hora para outra todos na escola me cumprimentavam. Eu acho que era por que boatos rolavam que me tornei a nova namorada do Ricardo. Algumas meninas me olhavam feio e eu via que comentavam algo. Ele passou a me buscar para ir pra escola e depois me levava até em casa. Sempre se despedia com um beijo na testa ou com alguma piada sem graça que eu ria até olhar pro relógio e lembrar do tanto de coisas que tinha para estudar. Eu quase tinha perdido as esperanças quando meu celular tocou.
- Alô?
- Oi, é a Patrícia?
- Sim, quem fala?
- Oi, Patrícia. É a mãe da Lila.
- Olá, dona Marta, como está a senhora? O que aconteceu? Já tem dias que eu tento falar com vocês.
- Oh, minha filha, a Lila está internada. Em coma, para ser mais especifica.
- Como assim? O que houve?
- Ela estava gravida, Patrícia. Essa menina tentou tirar o bebê e acabou no hospital.
- Como ta o bebê?
- Ele infelizmente... - nesse momento eu ouvi e sentir que do outro lado da linha a mãe da Lila estava de coração partido e se debulhava em lágrimas. - Não sobreviveu, Patrícia. E ela ainda tem chances de não sobreviver também.
- Por que vocês não me ligaram antes?
- Queríamos deixar tudo se acalmar e não podíamos preocupar você.
- Agora eu já estou preocupada. Amanhã posso visitá-la?
- Claro.
- Ok, obrigada.
Desliguei sem ao menos ouvir a mãe da Lila se despedir. Eu estava muito brava. Como ela poderia esconder algo desse tipo da melhor amiga dela? Eu que sempre cresci perto da família... Não era possível. Minha amiga estava a beira da morte e eu não podia fazer nada novamente. Talvez fosse tudo culpa minha. Talvez se eu pudesse impedi-la. Se eu insistisse um pouco mais para ela desistir dessa loucura agora ela estaria bem e o neném também. Mas eu não fiz nada. Eu como sempre não fiz nada. Eu precisava de alguém e então lembrei que tinha o Ricardo, liguei para ele - preciso de você aqui. E na mesma hora ouvi alguém bater na minha porta.
- Chamou?
- Como você sabia?
- Eu estava na sua esquina, foi pura coincidência.
E então passamos o resto do dia juntos jogando caças palavras e falando besteira. O menino do sorriso perfeito e olhos verdes reluzentes sabia exatamente o que fazer para me deixar bem. Ele só me fazia bem... E cansada adormeci no sofá da sala.
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