Um dia acordei diferente, querendo mudar. Não sabia o porquê
nem o quê exatamente, mas queria. Talvez eu esteja mesmo em um momento de
transição, chegando finalmente na adolescência e tendo que adquirir mais
maturidade. Mas, a partir desse dia eu fui a Patrícia e não mais a menina de
óculos.
Meu celular vibrou
- é a LIila?
Lila diz: ??????
- O que foi?
Lila diz: Vem aqui
agora, preciso falar com você.
Eu peguei a minha bolsa em cima da cama e subi no primeiro coletivo que passou. Ao chegar, a Lila estava mais branca do que já era, parada na porta de casa com os olhos cheios de lágrimas. Corri até ela e foi aí que recebi o baque.
- Estou grávida - falou
prontamente
- O quê? Mas você só
tem 15 anos
- Aconteceu, Patrícia,
aconteceu
- Quando? Eu nem sabia
que você tinha perdido a virgindade. Com quem?
- Faz um mês, eu não te
contei por que sabia que me sensuraria.
- Ta, Lila, depois eu
brigo com você, só me responde de quem é o filho
- Do joão
-João? Aquele babaca? –
No momento me veio na cabeça aquele idiota popular que pegava todas as garotas,
com aquele jeito metido e cheio de si. Queria socar a cara dele.
- Aconteceu, Patrícia.
- Essas coisas não acontecem,
Lila, a gente faz e aguenta as consequências!
- Juro para você que eu queria matar aquela garota. Como poderia ser tão
inconsequente? E logo com aquele imbecil do João... – Ok, Lila, deixa eu respirar. Sua mãe já
sabe?
- Claro que não? Ela
vai me matar... Eu preciso tirar esse bebê.
- Lila, não se atreva.
Preciso ir, meu curso de inglês já vai começar e depois passo aqui para
conversarmos.
- Ei... Que maquiagem é
essa?
- Han? Tenho que ir,
gata. Não saia daí.
- Patrí...
Sai correndo pois o
coletivo já estava no ponto que por bondade dos anjos era em frente a casa
dela. Aquilo martelava em minha cabeça e enquanto eu pensava em como ajudar a
minha amiga que ao mesmo tempo que eu tinha vontade de matar queria proteger um
vento inesperado fez todos os papéis da minha pasta voarem e enquanto tentava
agarrá-los um estranho se esbarrou nos meus ombros.
-Você não olha por onde
anda? – Perguntei irritada, não por ele, mas com tudo que ta acontecendo.
- Desculpa, eu te
ajudo.
Ele tentou pegar vários
livros que estavam no chão e eu com uma expressão não muito boa retruquei.
- Veja bem, sei me
virar, larga aí e da próxima vez tenta não esbarrar nas pessoas... Isso não é
nada gentil. Acho que você precisa de
óculos.
- Como os seus? – Nesse
momento consegui fitar o rosto dele e percebi que ele tinha olhos lindos. Azuis
feito o céu. E sem querer deixei escapar um sorriso com toda aquela situação.
- Tenho que ir. – Sai de perto antes que falasse mais alguma
besteira e deixei para outro dia saber quem era aquele belo rapaz.
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